segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Ainda me lembro de te ver a dançar no meio daquela multidão.
Não sei como, mas foste tu quem eu melhor identifiquei, quem eu mais vi, mesmo com dezenas de pessoas à tua volta. Vi-te tão bem. Como se só tu ali estivesses. Como se estivesses a dançar só para mim como por brincadeira tantas vezes fazias.
Já te tinha visto a dançar, e até dançado contigo, das muitas vezes que me puxavas para junto de ti e tentavas que em vão, me mexesse ao mesmo ritmo que tu, lembras-te? Apesar de raramente conseguires, continuavas sempre a fazê-lo, nem que fosse só para me teres junto de ti.
Mas ali foi diferente. Nunca te tinha visto assim, a mexeres o teu corpo ao ritmo da música daquela maneira, como se fizesse parte de ti, com aquela expressão de miúdo que ainda me invade a memória. Assim que te vi ali tive vontade de saltar para junto de ti e tentar sentir-me como tu aparentavas sentir-te. Não o fiz, sabia que era impossível sentir-me ali como tu. Era o teu elemento, nunca o meu.
Voltei a olhar para ti como olhava dantes. Fascinada com o que via. Mas durou pouco e quando a música acabou, o fascínio acabou com ela.
Nunca pensei que mesmo depois de tudo e de tanto tempo ainda fosses capaz de me surpreender com fizeste naquela noite.
Foi apenas mais uma prova que mesmo depois de muito tempo com uma pessoa, não significa que a conheçamos a sério e eu agora sei que nunca te conheci de verdade, que nunca soube quem realmente eras, o que te fazia feliz, e o que te fazia brilhar. Achava que sabia. Inocentemente achava que quem te fazia brilhar era eu. Só naquela noite vi realmente quem tu eras. E tive pena de não o ter visto antes.
Não fui apenas eu a pecar, e também tu, nunca me conheceste a mim, nunca soubeste como na realidade era. Mas cada vez resta em mim menos daquela rapariga inocente que há muito tempo conheceste e amas-te, e que como ninguém, te amou a ti.

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