terça-feira, 9 de agosto de 2011

Já muita gente me ouviu dizer que gostava de me mudar, não para outra cidade, mas para outro país. Inglaterra é sim o grande sonho, mas não tinha que ser uma mudança permanente, gostava de conhecer o mundo sem ser só em férias, sem data para regressar.
Mochila às costas e máquina fotográfica na mão acho que era o suficiente para viver bem mais feliz que tenho vivido por terras lusas. Não é que não goste do nosso país solarengo. Mas há muito mais por descobrir que este minúsculo canto no grande mapa. E também é verdade que dispensava o Sol excessivo que por vezes aparece por estas bandas. Pessoa estranha, portuguesa que não gosta de Sol. Vai na volta e nasci no sitio errado.
O que gostava mesmo era partir à descoberta, começar numa ponta e acabar noutra. Depois disso, talvez regressar à minha Terra. Ah o que eu dava para desaparecer daqui agora. Fugir daquilo a que sempre fui habituada, daquilo que sempre conheci. Fugir de todos os problemas, de todas as complicadas decisões que me vou ver obrigada a enfrentar nos próximos anos.
Mas falta tanto para o conseguir... Primeiro falta o dinheiro, apenas o suficiente para começar. Para o primeiro bilhete de avião ou de comboio e para as primeiras noites debaixo de um tecto. O resto arranjava-se depois. Sempre achei que a trabalhar noutros países e noutras áreas se aprendia muito mais que em qualquer escola.
E depois falta a coragem...
A bela da coragem que infelizmente não toca a todos e que a mim sempre me faltou para as coisas mais básicas. Nunca tive muito disso. Ainda para mais, no que toca a ter coragem para deixar para trás aqueles que mais amo. Acho que nunca me ia perdoar por não ver algumas dessas pessoas crescerem, e para partir sozinha, para um sitio onde não conhecesse ninguém, não ter ninguém que falasse a minha língua e me percebesse sem esforço por perto...
Talvez um dia, talvez um dia parta de mochila às costas sem destino certo e sem data para regressar. Até lá a mochila continua ali arrumada, bem cheia de sonhos.


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